Remoção de hiperplasia gengival associada à aparelho ortodôntico através de Gengivectomia e Gengivoplastia

Orientador:
Prof. Dr. João Nilton Lopes de Sousa
Alunos responsáveis pelo caso:
Diego Silveira de Oliveira
Ana Amélia Barros Jacinto
Danilo de Almeida Tenório

     A utilização do aparelho ortodôntico irá dificultar a correta higiene oral, contribuindo para o desenvolvimento de uma inflamação gengival, sendo mais comum em crianças, adolescentes e adultos jovens. Quando o paciente já apresenta alterações periodontais e não se encontra em manutenção dos tecidos periodontais, é considerado um paciente de risco, onde esta situação torna-se ainda mais agravada. (BARACK, 1985; SCARAMELLA, 1984)
    O aparecimento de respostas gengivais hiperplásicas e inflamatórias é comum durante o tratamento ortodôntico, podendo levar a complicações e necessitando de terapia cirúrgica periodontal. (CONVISSAR, 1996)
     Nos casos de hiperplasia gengival proveniente de resposta inflamatória, o tratamento empregado normalmente é a excisão cirúrgica, associada à remoção dos fatores irritantes locais. A orientação de higiene oral deve ser feita e incentivada de modo a evitar recidiva no quadro do paciente. (BINNIE, 1999)

Relato de caso clínico:

         J.G.S, paciente do gênero feminino, sem alterações sistêmicas, 22 anos, sem ocorrência de inflamação gengival, detectado por meio de sondagem periodontal, compareceu ao Projeto de Extensão em Periodontia Clinica e Cirúrgica da UFCG. Ao exame clínico, constatou-se presença de hiperplasia gengival inferior associada ao uso de aparelho ortodôntico (Figura 1). Após exames periodontais de rotina, constatou-se profundidade de sondagem e mucosa ceratinizada adequados para a indicação da técnica da gengivectomia e gengivoplastia. Este caso relata a cirurgia na região inferior.

Figura 1: Aspecto clínico inicial

Após os exames iniciais, indicou-se a remoção cirúrgica, gengivectomia em bisel externo dos elementos 33 ao 43, logo após, gengivoplastia nos mesmo, com o objetivo de corrigir o contorno gengival de tais elementos.
Cuidados pré-operatórios: antissepsia extra-oral com digluconato de clorexidina a 2% e bochecho com solução de digluconato de clorexidina 0,12%, para antissepsia intra-oral. Após o preparo do campo operatório, foi feita anestesia local infiltrativa por vestibular, na altura dos ápices dos elementos 32 e 42 e uma nova anestesia nas papilas do elemento 33 ao 43. (Figura 02)

Figura 2: Anestesia local infiltrativa

No exame periodontal confirmou o excesso de gengiva livre devido ao aumento de mucosa ceratinizada. Na anamnese foi constatado condição de saúde geral favorável e a realização do exame periodontal apresentou profundidades de sondagem e mucosa ceratinizada suficientes para que fosse possível a realização da cirurgia. Após a sondagem, foi feita a marcação dos pontos sangrantes (Figura 03) na face vestibular dos elementos e foi feita a união dos pontos com o gengivótomo de Kirkland. Para remoção do tecido gengival, realizou-se a incisão em bisel externo (Figura 04) com uso de lâmina de bisturi número 15c, associado ao uso de cureta Gracey 5/6 e o gengivótomo de orban para a remoção de tecido na região das papilas. 

Figura 3: Marcação dos pontos sangrantes

Figura 4: Incisão em bisel externo

         Após a remoção do tecido hiperplásico (Figura 05) foi feita a gengivoplastia dos elementos (do 33 ao 43) com auxilio de lâmina de bisturi número 15c e bisturi de Kirkland, onde buscou um contorno gengival fisiológico (Figura 06).

Figura 5: Remoção do tecido hiperplásico

Figura 6: Aspecto clínico após gengivoplastia

         Com o intuito de minimizar o desconforto no pós-operatório foi realizada a aplicação do laser de baixa potência (Figura 07) nos elementos já referidos, valendo-se de 3 pontos em cada elemento (mesial, vestibular/palatino, distal), nas faces lingual e vestibular, tendo como protocolo: comprimento de onda = 808nm; potência = 100mw; tempo = 32s; dose = 105 j/cm²).

Figura 7: Aplicação de laser de baixa potência

A ferida cirúrgica foi protegida com cimento cirúrgico (Figura 08). A paciente foi orientada quanto à higiene oral no pós-operatório e a fazer bochechos de digluconato de clorexidina a 0,12% durante 7 dias. Foi prescrito Paracetamol 750mg, com a condição de só tomar em caso dor.

Figura 8: Aplicação do cimento cirúrgico

         Foi feito acompanhamento do caso com revisões após sete dias (Figura 09), sem relato de dor pós-operatória, não havendo necessidade de tomar o medicamento prescrito e a paciente se mostrando muito satisfeita com o resultado.

Figura 9: Pós-operatório de 7 dias

         Ao final do caso, conclui-se que as técnicas cirúrgicas de gengivectomia e gengivoplastia são fáceis de executar e possuem baixo custo, além de apresentarem ótimo resultado estético, constituindo, assim, em ótimas opções de tratamento para hiperplasia gengival.


REFERÊNCIAS:

Barack D, Staffileno H, Sadowsky C. Periodontal complication during orthodontic therapy. Am J Orthod. 1985 Dec;88(6):461-5

Binnie WH. Periodontal cysts and epulides. Periodontol 2000. 1999 Oct;21:16-32.

Convissar RA, Diamond LB, Fazekas CD. Laser treatment of orthodontically induced gingival hyperplasia. Gen Dent. 1996 Jan-Feb;44(1):47-51.

Scaramella F, Quaranta M. Hypertrophic and/or hyperplastic gingivopathy during orthodontic therapy. Dent Cadmos. 1984 Feb;52(2):65-72.



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