Transformação de sorriso gengival através de aumento de coroa clínica e facetas diretas
Orientador:
Prof. Dr. João Nilton Lopes de Sousa
Aluno responsável pelo caso:
Thaynann Rojas
A crescente valorização de um sorriso esteticamente agradável faz com que profissionais e pacientes busquem cada vez mais alternativas de tratamento para modificar a aparência dental (SILVA, CHIMELI, 2011) e do contorno gengival.
Não existe “fórmula ideal” para um sorriso belo e atraente, entretanto, a harmonia e simetria dos elementos que o compõe (faciais, labiais, gengivais e dentais) devem ser consideradas. Diversos fatores precisam ser avaliados no planejamento estético para a otimização do sorriso. Dentre eles, podemos destacar alguns aspectos periodontais relacionadas à coloração, ao contorno, assimetria, ao zênite e ao posicionamento gengival (TREVISANI, MEUSEL, 2014).
O sorriso desarmônico decorrente de um excesso gengival compromete a estética facial. O plano de tratamento é feito após descobrir a etiologia e identificar os resultados estéticos previstos pelo paciente (TREVISANI, MEUSEL, 2014).
RELATO DE CASO CLÍNICO:
Paciente R.S., 25 anos, gênero feminino, leucoderma, sem alterações de saúde sistêmicas ou local, procurou a clínica odontológica da UFCG com queixas de insatisfação estética, coroas dos dentes anteriores superiores muito curtas e excesso de exposição gengival (figura 1). Ao exame clínico constatou-se erupção passiva dos elementos dentários, o que determinou o planejamento de um aumento de coroa clínica nos dentes anteriores superiores (13 ao 23), através de uma gengivoplastia com bisel interno e osteotomia para devolução do espaço biológico.
Figura 1 - Aspecto inicial, exposição gengival e coroas clínicas curtas.
O caso foi exposto à paciente, onde ocorreu o seu consentimento prévio à realização da cirurgia periodontal de aumento de coroa clínica. No procedimento cirúrgico foi realizada a assepsia extra e intra-oral com Digluconato de clorexinina 2% e 0,12%, respectivamente, anestesia com Articaína 2% com vasoconstritor e técnica infiltrativa no fundo de sulco vestibular e nas papilas. Foi demarcada com uma sonda periodontal o local das incisões (figura 2) e o contorno com lâmina de bisturi 15c (figura 3). Para um contorno adequado, alinhou-se o zênite dos incisivos centrais iguais ao dos caninos, dando um aspecto mais natural. As incisões para remoção do excesso gengival foram realizadas com uma lâmina de bisturi 15C em bisel interno de 45° em relação à gengiva, iniciando do elemento 13 e indo até o elemento 23, removendo o excesso gengival a cada incisão com uma cureta gracey 5-6.
Figura 2 - Marcação do local das incisões com sonda periodontal.
Figura 3 – Demarcação do contorno das incisões com lâmina de bisturi 15C.
Figura 4 – Remoção do tecido gengival dos elementos 13 ao 11.
Figura 5 – Tecido gengival removido dos elementos 13 ao 23.
Verificada a profundidade de sondagem como insuficiente para uma completa reabilitação estética e biológica após remoção do excesso gengival, houve a necessidade de se realizar uma osteotomia, feita com cinzéis (figura 6) e broca esférica 1011 (figura 7) acompanhando a anatomia dos dentes para a devolução do espaço biológico periodontal, o que é de extrema importância para manter a saúde do periodonto da paciente. Após a osteotomia, foi realizada irrigação com soro e em seguida confeccionada a sutura (figura 8). Foram dadas as devidas instruções de higiene oral e cuidados pós-operatórios; Paracetamol 750mg de 6/6horas por 48 horas ou enquanto houver dor. A cicatrização foi acompanhada após 7 e 21 dias (figura 9).
Figura 6 – Osteotomia com Cinzel.
Figura 7 – Osteotomia com broca esférica 1011.
Figura 8 – Sutura e aspecto pós-cirúrgico.
Após 21 dias (figura 9), a paciente retornou à clínica de Odontologia da UFCG. Foi realizada uma moldagem com alginato para obtenção de modelos de estudo, afim de se fazer um enceramento diagnóstico (figura 10) para simulação do tamanho das coroas, com o objetivo da confecção de facetas diretas dos elementos 13 ao 23.
Figura 9 – Pós-operatório de 21 dias.
Figura 10 – Modelo de estudo com enceramento e guia para as facetas.
O guia de silicone foi moldado a partir do enceramento diagnóstico realizado em modelo de gesso, onde foi realizado para determinar a dimensão das restaurações adesivas a serem realizadas (figura 11), assim como a exata posição da superfície lingual e incisal dos dentes (figura 12). A partir do guia de silicone, o dente foi reconstruído através da inserção de resina composta no espaço designado no enceramento (figura 13).
Figura 11 – Guia inserido na cavidade oral para o início da confecção das facetas diretas.
Figura 12 – Conchas palatinas com a posição lingual e incisal das facetas diretas.
Figura 13 – Facetas diretas confecciondas.
Após o período de 7 dias, a paciente retornou a clínica de Odontologia da UFCG para que fosse feito o acabamento e polimento das facetas diretas (figura 14). A paciente se mostrou bastante satisfeita com o resultado do tratamento realizado, relatando uma grande melhora na sua auto-estima após o tratamento.
Figura 14 – Tratamento finalizado após acabamento e polimento.
CONCLUSÃO:
O sorriso desarmônico decorrente de um excesso gengival compromete a estética facial, ocasionando o sorriso gengival, que gera desconforto estético em pacientes que relatam timidez ao sorrir, dificultando muitas vezes a socialização com demais pessoas. Cada vez mais as pessoas buscam a otimização do sorriso e estética facial com grandes expectativas de um bom resultado, e cabe ao cirurgião dentista realizar o melhor tratamento para cada caso. A escolha da técnica para correção do sorriso gengival a ser utilizada depende do tipo de alteração que o paciente apresenta.
A realização de facetas utilizando-se materiais adesivos tem se mostrado eficaz no restabelecimento dos aspectos funcionais e estéticos do sorriso. O uso de guia de silicone possui papel importante estabelecendo uma previsão quanto ao tamanho e formato dos dentes, alternativa que facilita e acelera a confecção de facetas diretas. Já a resina direta se destaca por reduzido tempo de trabalho e baixo custo, apresentando um resultado imediato e satisfatório para o tratamento e para o paciente.
REFERÊNCIAS:
SCHWARZ, V. et al. Fechamento de Diastema com resina composta.Journal of Oral Investigations, v. 2, n. 1, p. 26-31, 2015.
SILVA, W; CHIMELI, T. Transformando sorrisos com facetas diretas e indiretas. Revista Dentística on line–ano, v. 10, n. 21, 2011.
TREVISANI, R S; VON MEUSEL, D R D Z. Aumento de coroa clínica em dentes anteriores. Journal of Oral Investigations, v. 3, n. 2, p. 19-24, 2015.
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