RECUPERAÇÃO DE ESPAÇO BIOLÓGICO DO ELEMENTO 36: RELATO DE CASO
Orientador:
Prof. Dr. João Nilton Lopes de Sousa
Alunos responsáveis pelo caso:
Prof. Dr. João Nilton Lopes de Sousa
Alunos responsáveis pelo caso:
Danilo de
Almeida Tenório
Ana
Amélia Barros Jacinto
Diego Silveira
de Oliveira
“A distância biológica ou
espaço biológico é uma entidade anatômica que representa a distância
compreendida entre a margem gengival e a crista óssea alveolar com uma dimensão
média de 3 mm” (SCHUETZLER, 2009).
De acordo
com Ferreira Junior, Reis & Barbosa (2013) cáries com extensão subgengival
e fraturas radiculares são situações clínicas que dificultam a realização de
procedimentos restauradores dentro dos padrões técnicos. É ideal que se tenha
uma distância média de 3mm entre o término da restauração e a crista óssea,
sendo esse o principal objetivo a ser alcançado por cirurgias periodontais que
visam a recuperação das distâncias biológicas (DUARTE; LOPES, 2009).
Este trabalho tem como objetivo ilustrar, por meio
de um caso clínico, a resolução da recuperação de espaço biológico do elemento
36 para fins realização de tratamento endodôntico.
Relato do caso clínico
Y.C.G.A,
um paciente
do gênero masculino, sem alterações sistêmicas, 19 anos, compareceu ao Projeto de Extensão em Periodontia Clinica e
Cirúrgica da UFCG após a orientação de sua endodontista para a realização de
uma recuperação de espaço biológico no elemento 36, visto que a parede distal
do mesmo apresentava uma restauração temporária subgengival, onde foi
constatado que o espaço biológico fora invadido. Pode ser
observado na radiografia (Figura 01), que o elemento aprestava cárie
secundária adjacente a restauração e o mesmo apresenta lesão periapical,
indicando portanto a necessidade do tratamento endodôntico.
Figura
01 – Podemos observar a restauração deficiente, com presença de cárie adjacente,
e lesão periapical no elemento.
O
aspecto clínico inicial foi de que o dente apresentava uma restauração
provisória ocluso-distal no qual a mesma encontrava-se deficiente em sua porção
distal. (Figura 02)
Figura
02 – Aspecto clínico inicial: restauração provisória ocluso-distal.
Após os exames
iniciais, indicou-se gengivectomia em biseldadistal do elemento 35 a mesial do
elemento 37,tanto por vestibular quanto por lingual e logo após osteotomia na
região distal e osteoplastia na região vestibular para remoção de batente no
dente 36.
Após o preparo do
campo operatório,cuidados pré-operatórios foram
tomados: bochecho com solução de digluconato
de clorexidina 0,12% da marca Rioquímica,
para antissepsia intra-oral, e antissepsiaextra-oral com digluconato de
clorexidina a 2% da marca FGM,foi feita anestesia local do nervo
alveolar inferior e do nervo lingual.
Realizou-se
a sondagem, demarcação de pontos sangrantes e incisão em bisel interno
envolvendo os elementos 35, 36 e 37, tanto por vestibular (Figura 03),
quanto por lingual, a fim de remover todo tecido gengival em excesso e fornecer
acesso à região óssea, utilizando a lâmina de bisturi 15C.
Figura
03–Gengivectomia por bisel interno.
Todo o excesso
de gengiva foi removidocom a cureta gracey 7-8 após incisão intrassulcular com
bisturi nº15C e remoção de tecido interproximal com o bisturi de Orban,
utilizando-se ainda de curetas cirúrgicas para remoção de tecido de granulação,
restos de tecido e cálculos subgengivais. Em seguida foi realizado o
descolamento do retalho com o sindesmótomo de Molt para acesso à região óssea. (Figura 04)
Figura
04–Sindesmotomia do retalho com Molt.
Ainda
se fez uso de uma broca diamantada esférica de haste longa para osteotomia e
osteoplastia para remoção de irregularidades e excessos ósseos, assim como o
aplainamento de toda a margem óssea circunjacente ao elemento 36 (Figura 05).
A remoção óssea também seguiu passos manuais com o apoio do cinzel cirúrgico.
Figura
05–Osteotomia da região distal do elemento 36.
A osteotomia prosseguiu até atingir a
distância de 3mm (Figura 06) entre a borda mais apical da restauração e
a crista óssea, o espaço recomendado para este tipo de procedimento devido a
similaridade das distâncias entre os elementos e a recuperação das fibras no
pós-operatório.
Figura
06–Checagem dos 3mm da crista óssea à margem da restauração.
A lavagem copiosa da área operada foi
realizada com soro fisiológico a 0,9%, finalizando o ato cirúrgico com a sutura
de pontos simples com fio absorvível vicryl 4-0.(Figura 07)
Figura
07–Sutura pontos simples com fio absorvível vicryl 4-0.
Com o intuito de
minimizar o desconforto no pós-operatório foi realizada a aplicação do laser de
baixa potência (Figura 08) nos elementos já referidos, valendo-se de 3
pontos em cada elemento (mesial, vestibular/palatino, distal), nas faces
lingual e vestibular, tendo como protocolo: comprimento de onda = 808nm;
potência = 100mw; tempo = 32s; dose = 105 j/cm²).
Figura
08 - Após gengivoplastia.
A ferida cirúrgica foi
protegida com cimento cirúrgico sem eugenol, da marca Technew A paciente foi
orientada quanto a higiene bucal no pós-operatório e a fazer bochechos de
digluconato de clorexidina a 0,12% durante 14 dias. Foi prescrito Paracetamol
750mg, com a condição de só tomar em caso dor.
Após 07 dias o
paciente retornou à clínica escolarelatando não ter tido dor satisfeito e com o
resultado do tratamento.(Figura 09)
Figura
09–Pós-operatório 07 dias.
Após
21 dias, pode ser observado um bom estado de cicatrização tecidual e também foi
possível observar que a margem da restauração agora encontrava-sesupragengengival.
(Figura 10)
Figura
10 - Pós-operatório de 21 dias.
O paciente evoluiu bem durante o
pós-operatório, concluindo-se que quando o procedimento é bem indicado e todas
as etapas são realizadas de maneira cautelosa, estando ciente da dinamicidade
dos tecidos da cavidade oral, conseguimos atingir um sucesso clínico.
REFERÊNCIAS
1SCHUETZLER, Larissa. Correção da
invasão de espaço biológico em região anterior:Tracionamento ortodôntico ou cirurgia de aumento de coroa clinica. Trabalho
de conclusão (Especialização) — Curso de especialização em Periodontia,
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. 2008.
2FERREIRA JUNIOR, C.
D.; REIS, M. M. G. C.; BARBOZA, E. S. P. Recuperação
do espaço biológico: uma discussão das medidas utilizadas nas cirurgias de
aumento de coroa clínica com osteotomia. RGO – Ver Gaúcha Odontol., Porto
Alegre, v.61, suplemento 0, p. 519-522, jul./dez.,2013.
3DUARTE, C. A.; LOPES, J.C.A. Cirurgia
periodontal pré-protética. In: Cirurgia periodontal: pré-protética, estética
e peri-implantar. 3. ed. São Paulo (SP): Santos, p.309- 355, 2009.
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