RELATO DE CASO: CORREÇÃO DE HIPERPLASIA GENGIVAL COM A TÉCNICA DE GENGIVECTOMIA EM BISEL EXTERNO
Orientador:
Prof. Dr. João Nilton Lopes de Sousa
Alunos responsáveis pelo caso:
Daniela Batista Alvarenga
Luana Bento Herculano
Tuanny Lopes Alves Silvestre
INTRODUÇÃO
Os efeitos das aparatologias ortodônticas fixas e removíveis sobre o periodonto são amplamente conhecidos. Normalmente, o aparelho ortodôntico dificulta a adequada higiene bucal, contribuindo para o desenvolvimento da inflamação gengival, sendo mais evidente em crianças, adolescentes e adultos jovens. Essa situação é agravada quando o paciente já apresenta alterações periodontais e, sobretudo, se esse não se encontra em manutenção periodontal, tornando-se, então, um paciente de risco(BARACK (1985) apudPEDRON et. al. 2010).
Respostas gengivais hiperplásicas e inflamatórias durante o tratamento ortodôntico são comuns, podendo levar a complicações e requerendo terapia periodontal(BARACK (1985), CONVISSAR (1996) e SCARAMELLA (1984) apud PEDRON et. al. 2010).
Em todas as formas de hiperplasia, uma higiene bucal criteriosa é necessária para minimizar os efeitos da inflamação na proliferação fibrosa (REGEZI,2008).
Relato do Caso Clínico
Paciente Y.C.M.S, gênero feminino, 20 anos de idade, compareceu à Clínica Escola de Odontologia da UFCG buscando atendimento no Projeto de Extensão em Periodontia Clínica e Cirúrgica, tendo como queixa principal insatisfação com a estética do sorriso devido ao excesso gengival decorrido do uso de aparelho ortodôntico (Figura 01). Foi realizada a anamnese, exame clínico e sondagem periodontal dos elementos 31, 32, 33, 34, 41,42, 43 e 44, apresentando profundidade de sondagem variando de 3 a 5 mm, com sangramento marginal e presença de cálculo dentário.
Após realização dos exames iniciais foi indicada a técnica da gengivectomia em bisel externo associada à gengivoplastia, dos elementos 34 ao 44, para a remoção cirúrgica com o objetivo de corrigir o contorno gengival dos mesmos elementos.
Cuidados pré-operatórios: antissepsia extra-oral com digluconato de clorexidina a 2% e bochecho com solução de digluconato de clorexidina 0,12%, para antissepsia intra-oral. Após o preparo do campo operatório, foi feita anestesia local infiltrativa por vestibular, na altura dos ápices dos elementos 34 ao 44 e infiltração anestésica nas papilas de tais elementos.
Logo após foi feita a sondagem periodontal, confirmando o excesso gengival, e a marcação na face vestibular da área onde seria feita excisão (Figura 02).
Para remoção do excesso gengival, realizou-se incisão em bisel externo(Figura 03) através de lâmina de bisturi número 15c, com o auxílio de cureta de Gracey 5/6 e o gengivótomo de Orban para remoção das papilas. A área cirúrgica tinha 42 mm de largura e 3 mm de altura totalizando uma área de 126 m2(Figura 04).
Após a remoção do tecido gengival foi feita a gengivoplastia dos mesmos elementos (34 ao 44) com auxílio de lâmina de bisturi número 15c e bisturi de Kirkland, com o objetivo de se obter um contorno gengival fisiológico(Figura 06).
A ferida cirúrgica foi protegida com cimento cirúrgico sem eugenol, da marca Technew(Figura 07). A paciente foi orientada quanto a higiene bucal no pós-operatório e a fazer bochechos de digluconato de clorexidina a 0,12% durante 14 dias. Foi prescrito Paracetamol 750mg, com a condição de só tomar em caso dor.
Foi feito acompanhamento do caso com avaliação de 07 dias (Figura 08) e também de 21 dias (Figura 09), apresentando um boa cicatrização sem relato de dor pós-operatória, sem intercorrências e sem necessidade de se tomar a medicação prescrita. A paciente mostrou-se bastante satisfeita com resultado e após a recuperação foi feito o mesmo procedimento acima citado na arcada superior.
Conclui-se que atualmente, a estética periodontal tem sido bastante valorizada para harmonia do sorriso. O aumento de coroa clínica, por excesso gengival ou erupção passiva alterada, é efetivamente corrigido por meio de cirurgias periodontais(RACHED, CARDOSO, SAYURI, 2012).
REFERÊNCIAS
BARACK D, Staffileno H, Sadowsky C. Periodontal complicationduringorthodontictherapy. Am J Orthod. 1985 Dec; 88(6):461-5.
CONVISSAR RA, Diamond LB, Fazekas CD. Laser treatmentoforthodonticallyinducedgingivalhyperplasia. GenDent. 1996 Jan-Feb;44(1):47-51.
PEDRON, I., G.; UTUMI, E., R.; TANCREDI, Â., R., C.; PEREZ, F., E., G.; MARCUCCI, G. Processos proliferativos gengivais não neoplásicos em paciente sob tratamento ortodôntico.Dental Press J. Orthod.vol.15 no.6 Maringá Nov./Dec. 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-94512010000600010. Acesso em: 18 de agosto de 2016.
RACHED, D., A., Abi; Silva, CARDOSO, E., R., da; Sako, SAYURI, J. Tratamento estético periodontal: revisão de literatura sobre alguns tipos de cirurgias. Rev. Odontol. Univ. Cid. São Paulo 2012; 24(3): 226-34, set-dez. Disponível em: http://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/125848/ISSN1983-5183-2012-24-03-226-234.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 18 de agosto de 2016.
REGEZI, J.A; CIUBBA, J.J.; JORDAN, R.C.K; Patologia Oral: correlações clinicopatológicas. 5º edição. Rio de Janeiro: Elsevier; 2008. Cap. 7; p. 155-177.
SCARAMELLA F, Quaranta M. Hypertrophicand/orhyperplasticgingivopathyduringorthodontictherapy. DentCadmos. 1984 Feb;52(2):65-72.
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