GENGIVECTOMIA E GENGIVOPLASTIA PARA CORREÇÃO DE HIPERPLASIA GENGIVAL CAUSADA POR RESTAURAÇÃO ESTÉTICA DEFEITUOSA: RELATO DE CASO


Orientador:
Prof.Dr.João Nilton Lopes de Sousa
Alunos responsáveis pelo caso:
Enaura C. Campos Rodrigues
Juan Fernandes de Vanconcelos

Introdução

Tratamentos dentários deveriam obedecer a princípios mecânicos, estéticos e biológicos. Eventualmente, existem algumas situações clínicas nas quais se observam preparos restauradores com términos subgengivais, que dificultam a realização de procedimentos restauradores condizentes com os preconizados padrões técnicos e biológicos (RISSATO; TRENTIN, 2012).
Desde Lang e Loe (1972), vem sendo demonstrado que a placa é fortemente relacionada com o inicio e progressão da doença periodontal. Na presença de restaurações subgengivais, excessos ou falta de materiais restauradores a placa se  acumula mais facilmente, sendo  fatores locais para o inicio dessa doença.
A gengivectomia possibilita estabelecer uma adequada relação da posição da margem gengival com a coroa dos dentes, proporcionando harmonia estética entre altura e largura das coras clínicas além de possibilitar o reestabelecimento do espaço adequado para realização de restaurações diretas com resina composta, visando manter equilíbrio e simetria do elemento desejado (SUZUKI et al,, 2008)

Relato do caso clínico

A.K.A.R , paciente do gênero feminino, sem alterações sistêmicas, 21 anos, sem ocorrência de inflamação gengival, detectado por meio de sondagem periodontal, compareceu ao Projeto de Extensão em Periodontia Clinica e Cirúrgica da UFCG. A paciente relatou já ter feito uma restauração estética na distal dos elementos 12 e 22, mas a mesma apresentava batente na região cervical o que acarretou numa hiperplasia gengival de aproximadamente 1mm e ligeira assimetria da linha do sorriso. Condições clínicas essas que contribuem para a desarmonia do sorriso e necessidade de remoção do tecido hiperplásico a fim de corrigir restauração defeituosa.
Após os exames clínicos (Figura 1), detectou-se ausência de biofilme visível e sangramento marginal à sondagem. Considerando às características clínicas e anatômicas do contorno gengival, foi tomada a decisão de realizar a técnica da gengivectomia e gengivoplastia, visto que a paciente apresentava-se com saúde periodontal, profundidade de sondagem e nível de inserção adequados.  

Figura 01- Exame clínico.

A remoção cirúrgica foi realizada através de gengivectomia em bisel externo dos elementos 12, 13, 22 e 23. Em seguida foi realizada gengivoplastia dos mesmos elementos, objetivando corrigir o contorno gengival dos elementos em questão, incluindo à área cirúrgica a disto-vestibular dos elementos 11 e 21.
O procedimento foi realizado no dia 29 de julho de 2016. Tomando-se os cuidados pré-operatórios com: antissepsia extra-oral com digluconato de clorexidina a 2% e bochecho com solução de digluconato de clorexidina 0,12% para antissepsia intra-oral. Após o preparo do campo operatório, foi realizada anestesia local infiltrativa em fundo de vestibulo, na altura dos ápices entre os elementos 12 e 13, 22 e 23 (Figura 02 - A), e infiltração anestésica em todas as papilas dos elementos envolvidos (Figura 02 - B).

Figura 02 – Anestesia. A - Fundo de vestíbulo. 

Figura 02. B – Papila.

Em seguida, realizou-se: sondagem periodontal, onde os elementos 22 e 12, 23 e 13 apresentaram, respectivamente, profundidade de sondagem de 1,5 mm e 1,0 mm; marcação dos pontos sangrantes (Figura 03) na face vestibular dos elementos e  união dos pontos (Figura 04).

Figura 03 – Marcação dos pontos sangrantes.

Figura 04 – União dos pontos sangrantes.

A área cirúrgica foi de 47mm de largura e 3mm de altura, totalizando uma área de 141mm². Para remoção do tecido gengival (Figura 05), realizou-se a incisão em bisel externo com uso de lâmina de bisturi número 15c e bisturi de Kirkland, associado ao uso de cureta Gracey 5/6.

Figura 05 – Remoção do tecido gengival.

Após a remoção do tecido (Figura 06) foi feita a gengivoplastia (Figura 07) dos elementos (13, 12, 23, 22, porção disto-vestibular dos 21 e 11) com auxilio de lâmina de bisturi número 15c e bisturi de Kirkland, onde buscou-se um contorno gengival fisiológico .
Figura 06 – Remoção do tecido.

Figura 07 – Gengivoplastia.

Finalizando o procedimento cirúrgico, o tecido removido foi encaminhado para realização de biópsia (Firura 08) e a ferida cirúrgica foi protegida com cimento cirúrgico sem eugenol, da marca Technew (Figura 09).

  
Figura 08 – Tecido para biópsia.

Figura 09 – Cimento cirúrgico.


A paciente foi orientada quanto aos cuidados e à higiene bucal durante o pós-operatório, além de instruções sobre a realizção de bochechos de digluconato de clorexidina a 0,12% durante 07 dias. Também foi prescrito Paracetamol 750mg, com a condição de uso em caso dor.
No pós-operatório de 07 dias, observou-se um tecido em processo excelente de cicatrização, sem relato de dor pós-operatória, consequentemente, não houve necessidade de tomar o medicamento prescrito e paciente se mostrando muito satisfeita com o resultado.
A paciente também foi avaliada com 21 dias (Figura 10) não apresentando nenhuma intercorrência no seu pós-operatório.
Figura 10 – Reavaliação com 21 dias.

Conclui-se que a obtenção de um nível gengival mais apical, sem exposição radicular, e de harmonia estética entre largura e altura das coroas clínicas, além dos relatos de satisfação pessoal, comprovaram o sucesso do emprego das técnicas cirúrgicas (gengivectomia/gengivoplastia) com finalidade restauradora e estética.

Referências Bibliográficas

Lang, P; Loe, H. The relationship between the width of keratinized gingival health. J. Periodontol. V.43, p. 623-627. Oct. 1972.

Rissato, M., Tretini, M. S., Aumento de coroa clínica para restabelecimento das distâncias biológicas com finalidade restauradora – revisão da literatura.  RFO, Passo Fundo, v. 17, n. 2, p. 234-239, maio-ago, 2012.

Suzuki, P. H., Vasconcelos, A. M. L., Segundo, A. S., Oliveira, A. C. G., Neves, A. N. P., Raslan, S. A., Valorizando o sorriso gengival: Relato de caso. Revista Inpeo de Odontologia. Cuiabá-MT. v.2, n.2, p. 1-56, ago/dez, 2008.


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