BIÓPSIA EXCISIONAL EM MUCOSA ALVEOLAR: RELATO DE CASO

Orientador:
Prof. Dr. João Nilton Lopes de Sousa
Alunos responsáveis pelo caso:
Diego Silveira de Oliveira
Ana Amélia Barros Jacinto
Danilo de Almeida Tenório

Os exames complementares têm por objetivo auxiliar os profissionais da área da saúde a estabelecer um correto diagnóstico quando associados à anamnese e exame físico completo do paciente (CAUBI, 2004). Além disso, esses exames determinam também o prognóstico, plano de tratamento e a necessidade de proservação do paciente. (HOULI, 1978).
O termo biópsia é utilizado para designar a retirada do material assim como o exame marco e microscópico do material obtido durante a cirurgia (CAUBI, 2004).
Segundo Peterson et al. (1996), a biópsia é indicada em casos de lesões que persistem por mais de duas semanas sem nenhuma base etiológica definida, quando a lesão não responde ao tratamento local depois de 10 a 14 dias, quando há presença de alterações hiperceratóticas na superfície tecidual, quando há presença de tumefação persistente sob o tecido considerado relativamente normal, quando alterações de etiologia desconhecidas permanecem por longos períodos, quando a lesão interfere diretamente com a função, quando as lesões ósseas não são identificadas por meios de exames clínicos e radiográficos e quando a lesão apresenta características de malignidade.
Durante uma biópsia excisional, toda a lesão é removida, com uma margem de segurança de tecido sadio, sendo indicada em casos de lesões que possuem pequenas dimensões, são bem delimitadas e possuem um acesso favorável (GENOVESI et al., 1994).

Relato de caso:
         E.G.M., paciente do gênero feminino, 36 anos, feoderma, sem alteração sistêmica, compareceu ao Projeto de Extensão em Periodontia Clinica e Cirúrgica da UFCG queixando-se de uma “bolinha na gengiva que não desaparecia” (Figura 1).

Figura 1: Aspecto clínico inicial

Ao exame clínico constatou-se que a paciente apresentava uma lesão macular, de consistência firme, coloração branco-amarelada, localizada na mucosa alveolar e com sintomatologia ausente, medindo aproximadamente 2mm e com dados radiográficos ausentes (Figura 2).

Figura 2: Lesão em mucosa alveolar

O diagnóstico clínico da lesão foi de Grânulos de Fordyce e o tratamento proposto foi a excisão cirúrgica (biópsia excisional).
Foram solicitados os exames hematológicos da paciente e os mesmos se apresentaram dentro da normalidade.
O procedimento iniciou-se com antissepsia intra-oral (digluconato de clorexidina 0,12%) e extra-oral (digluconato de clorexidina 2%), com posterior anestesia terminal infiltrativa com mepivacaína a 2% (Figura 3).

Figura 3: Anestesia terminal infiltrativa

Posteriormente foram realizadas duas incisões em elipse, permitindo uma maior margem de segurança e melhores condições de sutura (Figura 4). Foi feita a exérese da lesão, sendo esta armazenada em uma solução de formol a 10% e encaminhada para a Liga Acadêmica de Diagnóstico Oral da UFCG – LADO, para a realização do histopatológico (Figura 5).

Figura 4: Incisões em elipse

Figura 5: Armazenamento da lesão

Após a visualização da ferida cirúrgica (Figura 6), foi feita uma lavagem copiosa com soro fisiológico e sutura da região com fio de nylon 3-0 (Figura 7).

Figura 6: Vizualização da ferida cirúrgica

Figura 7: Sutura da ferida cirúrgica

A paciente foi orientada quanto à higiene bucal no pós-operatório e a fazer bochechos de digluconato de clorexidina a 0,12% durante 14 dias. Foi prescrito paracetamol 750mg, durante 3 dias, em caso dor. 
Após 07 dias, a paciente retornou a clínica para remoção da sutura, apresentando uma boa cicatrização (Figura 8 e 9).

Figura 8: Pós-operatório de 7 dias

Figura 9: Pós-operatório de 7 dias após remoção da sutura

Após 15 dias do procedimento cirúrgico foi recebido o laudo anatomopatológico da lesão com as seguintes informações:

EXAME MACROSCÓPICO: O material recolhido para exame consta de 01 (um) fragmento de tecido mole, coloração parda, consistência borrachóide, medindo 4 x 2 x 2 mm. O material não foi seccionado, seguindo 01 (um) fragmento para inclusão.

EXAME MICROSCÓPICO: Nos cortes histológicos corados em hematoxilina e eosina e examinados em microscopia de luz evidencia-se o fragmento de mucosa oral revestido por epitélio escamoso estratificado paraceratinizado, exibindo espongiose e degeneração hidrópica. A lâmina própria subjacente é constituída por tecido conjuntivo frouxo, de permeio vasos sanguíneos de diversos calibres, por vezes, congestos e um discreto infiltrado inflamatório linfocitário. Observa-se ainda uma estrutura sacular composta por numerosas células claras, com citoplasma amplo, apresentando um núcleo redondo e central compatível com glândula sebácea que exibe aspectos de normalidade. Fascículos nervosos e colônias bacterianas completam o quadro histopatológico examinado.

DIAGNÓSTICO MICROSCÓPICO: GRÂNULOS DE FORDYCE.

         Podemos concluir que a biópsia excisional foi fundamental para remoção cirúrgica da lesão e determinação do correto diagnóstico da mesma, através do laudo anatomopatológico realizado pela Liga Acadêmica de Diagnóstico Oral – LADO.

Referências:
CAUBI et al. Biópsia. Revista de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial v.4, n.1, p. 39 - 46, jan/mar – 2004.
GENOVESI, F. S. Semiologia Clínica. 2ª ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro,1994
HOULI, J. Semiologia Clínica. 1a ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 1978.

PETERSON, L.J.; EDWARD, E.; HUPP, J.R.; MYRAN, R. T. Cirurgia Oral e Maxilo Facial Contemporânea. 2a Ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 1996.

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