CUNHA INTERPROXIMAL COM FINALIDADE RESTAURADORA: RELATO DE CASO

Orientador:
Prof. Dr. João Nilton Lopes de Sousa
Alunos responsáveis pelo caso:
Diego Silveira de Oliveira
Enaura Cristina Campos Rodrigues
Ana Amélia Barros Jacinto

A realização de restaurações classe II geralmente podem ser dificultadas quando a cavidade possui uma extensão subgengival, sendo necessária a realização de um procedimento periodontal cirúrgico, como por exemplo, a cunha interproximal. Este procedimento visa à remoção da papila interproximal, quando este tecido apresenta uma hiperplasia, que torna o preparo restaurador subgengival. Quando há o comprometimento das distâncias biologias, a realização da cunha interproximal deve ser associada à osteotomia através de retalho, dando um acesso direto ao osso alveolar, com a finalidade de recuperação do espaço biológico. Quando o procedimento cirúrgico é indicado, o primeiro passo é determinar se houve a invasão do espaço biológico através de uma tomada radiogáfica, onde é observada a distância entre a crista óssea alveolar e a margem cervical do preparo. (COELHO et al. 2008)
O objetivo deste caso é relatar os procedimentos necessários para que se possa obter um acesso satisfatório, proporcionando um preparo com finalidade restauradora que antes era subgengival.

Relato de caso:
         A paciente F. R. S. J., sexo feminino, 49 anos, foi encaminhada ao projeto de extensão periodontia clínica e cirúrgica, UFCG-Patos, para realização de um procedimento periodontal cirúrgico no elemento 37, com finalidade restauradora.
         Ao exame clínico inicial foi observada uma restauração de resina composta, classe II, ocluso-distal deficiente no elemento 37 e um aumento de tecido gengival, localizado nas faces mesial e distal do elemento, tornando a restauração subgengival e inviabilizando um novo preparo cavitário para troca da mesma (Figuras 1 e 2). O elemento também apresentava lesão de cárie ativa subgengival nas faces mesial e vestibular. Os elementos 36 e 38 estavam ausentes.

Figura 1: Aspecto clínico inicial

Figura 2: Presença de restaurações deficientes

         Foi realizada a radiografia periapical do elemento onde se constatou que o mesmo apresentava lesão de cárie, restauração deficiente e ausência de reabsorções ósseas (Figura 3).

Figura 3: Radiografia periapical do elemento 37

         Através da sondagem periodontal e do exame radiográfico constatou-se que não havia perda das distâncias biológicas, sendo necessário apenas, a realização de uma cunha mesial e uma cunha distal para possibilitar um preparo cavitário supragengival durante a restauração do elemento. Durante a sondagem constatou-se a medida de 5 mm de mucosa ceratinizada e profundidade de sondagem de 1 mm por vestibular (Figuras 4 e 5). Optou-se então, pela realização de uma gengivectomia em bisel interno na face vestibular do elemento, para facilitar o procedimento restaurador durante o preparo.


Figura 4: Mucosa ceratinizada

Figura 5: Profundidade de sondagem

         Foi solicitado o exame hematológico pré-operatório, o qual obteve resultado dentro da normalidade. O plano de tratamento foi apresentado à paciente e a mesma concordou.
O procedimento iniciou-se com antissepsia intra-oral (digluconato de clorexidina 0,12%) e extra-oral (digluconato de clorexidina 2%), com posterior anestesia do nervo alveolar inferior e anestesia infiltrativa na mucosa vestibular e lingual com mepivacaína a 2% (Figura 6).

Figura 6: Anestesia local

Foi feita a remoção do tecido gengival por vestibular e realização das cunhas mesial e distal com lâmina de bisturi 15c, onde foi removido todo o tecido hiperplásico, expondo assim toda a restauração deficiente por distal e a lesão de cárie ativa por mesial (Figura 7).

Figura 7: Remoção do tecido gengival vestibular e cunhas interproximais

Realizou-se a lavagem copiosa da região com soro fisiológico e realização das suturas, o mais apical possível, por mesial e distal, com fio de seda 3-0 (Figuras 8 e 9).

Figura 8: Sutura das cunhas interproximais

Figura 9: Sutura da cunha distal

Na tentativa de minimizar o desconforto no pós-operatório realizou-se a aplicação do laser de baixa potência no elemento referido, valendo-se de 3 pontos (mesial, vestibular/lingual, distal), nas faces vestibular e lingual, tendo como protocolo: comprimento de onda = 808nm; potência = 100mw; tempo = 32s; dose = 105 j/cm²) (Figura 10).



Figura 10: Aplicação de laser de baixa potência

Como protocolo pós-operatório, foi prescrito para a paciente bochechos com digluconato de clorexidina a 0,12% duas vezes ao dia durante 14 dias, além da prescrição de paracetamol 750mg 6/6h, durante 3 dias, somente em caso de dor. 
A paciente retornou para reavaliação pós-operatória e remoção da sutura após 07 dias da realização do procedimento cirúrgico inicial, relatando que não houve necessidade de tomar a medicação devido à ausência de dor (Figuras 11 e 12).

Figura 11: Pós-operatório após 7 dias



Figura 12: Exposição de toda a restauração deficiente por distal

Com o aspecto final do caso, é possível concluir que a realização das cunhas interproximais mostrou-se essencial para a exposição da restauração deficiente e cárie ativa, que anteriormente apresentavam-se subgengivais, proporcionando assim uma exposição ideal do elemento para o futuro tratamento restaurador da paciente.

Referências bibliográficas:

COELHO, A.C.N.G. ; Sales, G.C.F. ; PONTES, L.T.A. ; MEDEIROS, R.C.G. ; SANTOS, R.L. . Cunha interproximal associada à restauração transcirúrgica utilizando resina composta. In: X Encontro de Extensão e XI Encontro de Iniciação à Docência (UFPB), 2008, João Pessoa - PB. Anais do X Encontro de Extensão e XI Encontro de Iniciação à Docência, 2008.

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