GENGIVECTOMIA E GENGIVOPLASTIA COMO OPÇÃO PARA O TRATAMENTO DE HIPERPLASIA GENGIVAL DECORRENTE DE APARELHO ORTODÔNTICO

Orientador:
Prof. Dr. João Nilton Lopes de Sousa
Alunos responsáveis pelo caso:
Ana Amélia Barros Jacinto
Danilo de Almeida Tenório
Rayssa Batista de Andrade

De acordo com vários estudos, o uso do aparelho ortodôntico quando associado à falta de higienização adequada, podem ocasionar o que se chama de hiperplasia gengival. As causas deste aumento gengival, podem ser segundo CARRANZA (2004) decorrente de diversas etiologias: inflamatórias, medicamentosas, idiopáticas e associadas às doenças sistêmicas. As cirurgias reparadoras utilizadas para essas hiperplasias são a gengivectomia, que consiste na remoção de gengiva inserida, marginal e papilar, na ausência de doença periodontal, e a gengivoplastia que consiste em uma cirurgia que corrige ou elimina deformidades gengivais visando criar um contorno gengival harmônico e estético, remodelando sulcos e as papilas interdentais.
A hiperplasia é, frequentemente, resultante do acúmulo de fibras colágenas, podendo ser causada a partir de uma resposta inflamatória associada a fatores locais que retêm biofilme, como cálculo e aparelho ortodôntico (RABELO; ROSA; GOMES, 2013).
Em todas as formas de hiperplasia, uma higiene bucal criteriosa é necessária para minimizar os efeitos da inflamação na proliferação fibrosa (REGEZI, 2008).

Relato do caso clínico:
M.N.M, paciente do gênero feminino, sem alterações sistêmicas, 23 anos, sem ocorrência de inflamação gengival, detectado por meio de sondagem periodontal, compareceu ao Projeto de Extensão em Periodontia Clinica e Cirúrgica da UFCG. Ao exame clínico, constatou-se hiperplasia gengival superior e inferior (Figura 01) e histórico de tratamento ortodôntico. Após exames periodontais de rotina, constatou-se profundidade de sondagem e mucosa ceratinizada adequados para a indicação da técnica da gengivectomia e gengivoplastia. Este caso relata a cirurgia na região inferior. Paciente relatou ter removido o aparelho pouco tempo antes da cirurgia. 
Figura 01– Aspecto clínico inicial. OBS.: Essa área vermelha na região do elemento 31 não é inflamação gengival. A foto foi tirada no momento em que já havia sido feita a sondagem periodontal do referido elemento.

Após os exames iniciais, indicou-se a remoção cirúrgica, gengivectomia em bisel externo dos elementos 31, 32, 33, 34, 41, 42, 43 e 44, logo após, gengivoplastia do elemento 34 ao 44, com o objetivo de corrigir o contorno gengival de tais elementos.
Cuidados pré-operatórios: antissepsia extra-oral com digluconato de clorexidina a 2% da marca FGM e bochecho com solução de digluconato de clorexidina 0,12% da marca Rioquímica, para antissepsia intra-oral. Após o preparo do campo operatório, foi feita anestesia local infiltrativa por vestibular, na altura dos ápices dos elementos 32 e 42 e uma nova anestesia nas papilas do elemento 34 ao 44. (Figura 02)
No exame periodontal confirmou o excesso de gengiva livre devido ao aumenta de mucosa ceratinizada. Na anamnese foi constatado condição de saúde geral favorável e a realização do exame periodontal apresentou profundidades de sondagem e mucosa ceratinizada suficientes para que fosse possível a realização da cirurgia. Após a sondagem, foi feita a marcação do ponto sangrante (Figura 03) na face vestibular dos elementos e foi feita a união dos pontos com o Kirkland. Para remoção do tecido gengival, realizou-se a incisão em bisel externo (Figura 04) com uso de lâmina de bisturi número 15c, associado ao uso de cureta Gracey 5/6 e o gengivótomo de orban para a a remoção de tecido na região das papilas. 

Figura 02 –Anestesia papilar

 Figura 03 - Marcação vestibular da região onde será feita a incisão.

Figura 04 - Incisão do tecido gengival.

Após a remoção do tecido (Figura 05) foi feita a gengivoplastia dos elementos (do 34 ao 44) com auxilio de lâmina de bisturi número 15c e bisturi de Kirkland, onde buscou um contorno gengival fisiológico (Figura 06).

Figura 05 - Após a remoção do tecido gengival.

Figura 06 - Após gengivoplastia.

A ferida cirúrgica foi protegida com cimento cirúrgico sem eugenol, da marca Technew (Figura 07). O paciente foi orientado quanto a higiene bucal no pós-operatório e a fazer bochechos de digluconato de clorexidina a 0,12% durante 14 dias. Foi prescrito Paracetamol 750mg, com a condição de só tomar em caso dor.

Figura 07 - Proteção com cimento cirúrgico.

Foi feito acompanhamento do caso com revisões após sete dias (Figura 08) e após 21 dias, sem relato de dor pós-operatória, consequentemente, não houve necessidade de tomar o medicamento prescrito e paciente se mostrando muito satisfeito com o resultado.


Figura 08 - Pós-operatório de 07 dias.

Concluindo que o diagnóstico de alterações periodontais e dentais que interferem na estética é essencial para a determinação de um plano de tratamento adequado para a obtenção da harmonia do sorriso.


REFERÊNCIAS:

RABELO, A. C. N.; ROSA, T. S.; GOMES, C. S. B. Hiperplasia gengival em usuários de aparelho ortodôntico fixo. Caderno de Ciências Biológicas e da Saúde. Boa Vista, n. 01, 2013.

REGEZI, J.A; CIUBBA, J.J.; JORDAN, R.C.K; Patologia Oral: correlações clinicopatológicas. 5º edição. Rio de Janeiro: Elsevier; 2008. Cap. 7; p. 155-177.


CARRANZAJr., F.A.; NEWMAN M.G.; TAKEI H.H. Periodontia clínica, 9 o ed., Ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2004.

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