Retalho reposicionado coronalmente para recobrimento radicular: relato de caso
Orientador:
Prof. Dr. João Nilton Lopes de Sousa
Alunos responsáveis pelo caso:
Emiliano Crisóstomo Delfino de Brito
Rafaela Simão de Abrantes
Winilya de Abreu
Alves
A recessão gengival pode ser
definida como a migração apical da margem gengival, a qual passa a se localizar
apicalmente à junção amelocementária, resultando na exposição radicular
(LACERDA et al., 2011). Comumente, o paciente procura o atendimento odontológico
pelo comprometimento estético, hipersensibilidade pela exposição de túbulos
dentinários, dor durante mastigação e/ou escovação e consequente predisposição
a cáries radiculares (ALMEIDA et al., 2015).
A exposição radicular pode
ser causada por fatores diversos, como oclusão traumatogênica, escovação
traumática, características do periodonto, freios com inserção alterada e mau
posicionamento dentário (VIEIRA, 2008). A eliminação dos fatores causais,
correção da técnica de escovação e controle do biofilme podem reduzir a
progressão das lesões, contudo, em alguns casos é necessária a intervenção
cirúrgica para o recobrimento das raízes expostas (ALMEIDA et al., 2015).
O
presente relato de caso refere-se a um paciente do sexo masculino, 23 anos, que
procurou ao Projeto de Extensão em Periodontia Clínica e Cirúrgica da UFCG
queixando-se de sensibilidade na área dos elementos superiores direitos canino
e primeiro pré-molar, devido à retração gengival nos mesmos. Na anamnese, o
paciente relatou histórico de tratamento ortodôntico e escovação traumática. As
recessões encontradas foram nos elementos 13 (1 mm) e 14 (3 mm) (Figura 01).
Todas as recessões encontradas podem ser classificadas como tipo I de Miller,
uma vez que não atingem a linha mucogengival.
Figura
01 – aspecto inicial.
O
paciente foi orientado quanto à adequação da técnica de escovação e decidiu-se
fazer o recobrimento radicular dos elementos pela técnica cirúrgica do retalho
reposicionado coronalmente.
O
procedimento foi iniciado com antissepsia intra e extraoral com digluconato de
clorexidina a 0,12% e 2%, respectivamente, seguida de anestesia local
infiltrativa da região com Mepivacaína 2% (Figura 02).
Figura
02 – anestesia infiltrativa.
Em
seguida, foi feita incisão até o periósteo, acima das papilas, contornando os
elementos (Figura 03). O retalho foi rebatido e descolado, exceto as papilas
gengivais, até que tivesse mobilidade suficiente para ser tracionado e pudesse
cobrir as recessões (Figura 04).
Figura
03 – Incisão com bisturi 15C.
Figura
04 – Descolamento do retalho.
O
epitélio das papilas foi retirado com o bisturi, para que o tecido conjuntivo
do retalho pudesse aderir, após a sutura (Figura 05). Foi feita raspagem das
superfícies radiculares e regularização das mesmas com broca esférica (Figura
06).
Figura
05 – Desepitelização das papilas.
Figura
06 – Raspagem e regularização das porções radiculares expostas.
As superfícies radiculares
foram tratadas com ácido cítrico a 2%, durante 1 minuto, pois o ácido irá facilitar
a inserção celular e das fibras do tecido conjuntivo (MACHADO; CHIQUITO;
SARAIVA, 2006) (Figura 07).
Figura
07 – Tratamento das superfícies radiculares expostas com ácido fluorídrico 2%.
O retalho foi tracionado de
modo que cobrisse as recessões, sendo fixado no local adequado através de
suturas suspensórias com fio de nylon 5.0 (Figura 08).
Figura
08 – Sutura suspensória do retalho reposicionado.
Foi aplicado laser de baixa
potência na região, sendo 3 pontos a cada elemento, para melhor conforto do
paciente no pós-operatório (30seg em cada ponto, comprimento de onda 808nm,
potência 100mV e dose 105J/cm2). O cimento cirúrgico foi colocado na
região e foi prescrito bochecho de digluconato de clorexidina 0,12% durante 14
dias e Paracetamol 750mg, apenas em caso de dor (Figura 09).
Figura 09 – Aplicação de laserterapia e recobrimento com
cimento cirúrgico.
O paciente retornou à
clínica 8 e 15 dias após o procedimento cirúrgico (Figura 10), apresentando
resultado satisfatório e relatando desconforto mínimo do procedimento.
Figura
10 – Acompanhamento 8 e 15 dias do pós-operatório, respectivamente.
Com o aspecto final do caso, conclui-se que a técnica do retalho
reposicionado é eficaz no recobrimento radicular, desde que indicada corretamente,
uma vez que propiciou um resultado satisfatório estética e funcionalmente.
REFERÊNCIAS
LACERDA, A. C. Q.; ALVES, A. C. B. A.; ROCHA, P. G.; MENEZES, S. A. F.
Recobrimento radicular pelo técnica de Zucchelli e De Sanctis. RGO
- Rev Gaúcha Odontol., Porto Alegre, v.59, n.2, p.313-317, abr./jun., 2011.
ALMEIDA, A. M. F. L.; CARVALHO, E. M. C.; RIBEIRO, E. D. P.; SOUZA, B.
G. Recessões gengivais e lesões cervicais não cariosas: relato de caso clínico.
Braz
J Periodontol - Março 2015 - volume 25 - issue 01 - 25(1):39-45.
VIEIRA, T. R. Influência dos
parâmetros clínicos periodontais no tratamento de recessões periodontais por
meio do retalho posicionado coronalmente. Dissertação mestrado – Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2008.
MACHADO, K. C. F.; CHIQUITO, G. C. M.; SARAIVA, P. P.
Utilização da técnica de retalho semi lunar para recobrimento radicular em
recessões gengivais vestibulares e interproximais. Salusvita, Bauru, v. 25, n. 2, p. 217-238, 2006.
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