Reabilitação Oral: Gengivectomia e osteoplastia em paciente com amelogênese imperfeita

Orientador:
Prof. Dr. João Nilton Lopes de Sousa 
Alunos responsáveis pelo caso:
Talita Nogueira Forte Melo
Karolline Batista Leal
Rayssa Batista de Andrade


A harmonia estética é um anseio que cada vez mais vem preocupando a populaçäo que busca atendimento odontológico especializado. Os parâmetros de normalidade e beleza impostos pela sociedade exigem das pessoas um sorriso perfeito, o que, em muitos casos, como em pacientes portadores de amelogênese imperfeita, conduzem-nas a tratamentos complexos e demorados (A PITHAN et al., 2002).
A amelogênese imperfeita é uma doença de caráter hereditário que afeta o esmalte de todos os dentes, de ambas as dentições. Como não é possível realizar um tratamento preventivo nesses pacientes, devido à sua origem genética, o tratamento é voltado para a reabilitação estética e funcional  (BUSSELI; PASCOTTO, 2009)
 A reabilitação bucal não pode gerar agressões ao periodonto, sendo assim, é importante ressaltar que o sucesso da reabilitação bucal deve ser alcançado e para isto devem-se considerar vários fatores, dentre eles, os princípios biológicos (respeito e contribuição à preservação, manutenção e nutrição dos tecidos gengivais saudáveis, adjacentes às restaurações e próteses dentárias); mecânicos (retenção e adesão); e estéticos (dependendo de variáveis sócio-culturais) (PEDRON et al., 2010)
Muitas vezes as situações clínicas são desfavoráveis e os preparos são inadequados, numa posição mais apical em relação à gengiva marginal, com margens subgengivais que invadem o espaço biológico, favorecendo o desenvolvimento e evolução da doença periodontal. Nessas situações as cirurgias ressectivas gengivais favorecem a adequada realização dos procedimentos restauradores, restabelecendo as características anatômicas e relações ideais entre os dentes e a gengiva (PEDRON et al., 2010)
A gengivectomia é uma cirurgia ressectiva estética de fácil execução, apresentando resultados favoráveis e satisfatórios quando empregada coadjuvante aos procedimentos restauradores, otimizando a estética dental. Tem por objetivo o restabelecimento fisiológico do espaço biológico, permitindo que procedimentos restauradores sejam compatíveis com saúde periodontal (PEDRON et al., 2010)
O objetivo deste relato de caso clínico é descrever uma cirurgia periodontal para reabilitação bucal.
Paciente H.M.C., sexo masculino, 13 anos, foi encaminhado ao projeto de extensão periodontia clínica e cirúrgica, UFCG-Patos, para realização de cirurgia plástica periodontal, pois necessitava da confecção de facetas diretas e posterior tratamento ortodôntico. Feito o exame clínico, notou-se a presença de amelogênese imperfeita em todos os elementos dentários (um membro familiar também apresentava tal alteração), mordida aberta, palato ogival e respiração bucal. Sua condição periodontal apresentava gengiva hiperplasiada, placa bacteriana, cálculo e presença de sangramento a sondagem (Figura 1). O paciente não apresentava doença sistêmica e alergia a nenhum medicamento. Realizou-se exame radiográfico periapical completo e foi solicitado exame hematológico pré-operatório, o qual teve resultado dentro da normalidade. Requisitou-se, também, escovas dentais para orientação de higiene oral.  O plano de tratamento foi apresentado ao responsável pelo paciente e, o mesmo, concordou.

 Figura 1. Aspecto intrabucal inicial.


O tratamento foi iniciado na semana seguinte ao exame clínico, iniciando-se pela terapia periodontal.O Paciente foi submetido, inicialmente, a gengivectomia e osteoplastia da região de 1º pré-molar inferior direito a 1º pré-molar inferior esquerdo. Inicialmente fez-se a assepsia intrabucal (digluconato de clorexidina 0,12%) e extrabucal (digluconato de clorexidina 2%). O procedimento cirúrgico foi iniciado com anestesia local em fundo de sulco e anestesia infiltrativa nas papilas interdentais com mepivacaína a 2% (Figura 2 e 3).

Figura 2. Anestesia em fundo de sulco.


Figura 3. Anestesia nas papilas gengivais.


 Após isso, realizou-se a marcação dos pontos guias sangrantes para gengivectomia, na distal, mesial e vestibular de cada elemento dentário, com sonda periodontal Willians. Os pontos variaram entre 2 e 3 mm de distância da margem gengival. Estes pontos sangrantes produzidos são utilizados como guia para incisão (Figura 4).


Figura 4. Marcação dos pontos guias.

Em seguida, foi realizada a união dos pontos guias através de incisão de bisel interno com lâmina de bisturi 15c (figuras 5 e 6) e uma segunda incisão com gengivótomo de Orban nas papilas gengivais (figura 7).

Figura 5. União dos pontos guias.

Figura 6. Incisão bisel interno.


Figura 7. Remoção do tecido nas papilas gengivais com gengivótomo Orban.


Posteriormente, com o uso da cureta tipo Gracey 5/6, removeu-se o tecido de granulação presente no leito da ferida. Fez-se o procedimento no lado esquerdo do paciente e em seguida do lado direito (figura 8 e 9).


Figura 8. Remoção do tecido gengival com cureta 5/6.

Dando continuidade ao procedimento, foi descolado retalho com auxilio da cureta de molt 9, para remodelação óssea (osteoplastia) (figura 9).

Figura 9. Retalho para realização de osteoplastia.


 A osteoplastia foi realizada com broca esférica diamantada em alta rotação e cinzel, sempre realizada com irrigação com soro fisiológico (figuras 10 e 11).

Figuras 10 e 11. Osteoplastia.


 O retalho foi reposicionado e, por fim, feita a sutura suspensória com fio nylon 5.0 (polysuture), de modo a posicionar a margem gengival ao nível da junção amelocementária, proporcionando assim um novo contorno gengival (figura 12).

Figura 12. Sutura.


No pós operatorio, foram prescritos antiinflamatório (Ibuprofeno 300mg) e bochecho com digluconato de clorexidina a 0,12% duas vezes ao dia durante 7 dias. Foi feita a orientação de higiene oral. A sutura foi removida após 07 dias (figura 13). Após verificada a completa cicatrização do tecido, o paciente foi encaminhado para realização das facetas dentais (figura 14) e tratamento ortodontico. O mesmo apresentava-se atisfeito com o resultado.

Figura 13. Aspecto final após 7 dias.


Figura 14. Facetas diretas em resina nos elementos 33, 32, 31, 41, 42, 43.

         O paciente continua em tratamento periodontal, ortodôntico e estético.






Referências

BUSSELI, Juliano da Silva; PASCOTTO, Renata Corrêa. Reabilitação estética e funcional de um caso de amelogênese imperfeita. Revista Dental Press de Estética, -, v. 1, n. 6, p.44-45, jan/mar 2009.
PEDRON, Irineu Gregnanin et al. Sorriso gengival: cirurgia ressectiva coadjuvante à estética dental. Odonto, São Paulo, v. 35, n. 18, p.87-95, jan/jun 2010.
A PITHAN, José Carlos de et al. Amelogênese imperfeita: revisäo de literatura e relato de caso clínico. Revista Abo Nacional, v. 2, n. 10, p.88-92 abril/maio 2002.





       

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