Correção da linha gengival a partir da técnica de gengivectomia em bisel externo

Orientador:
Prof. Dr. João Nilton Lopes de Sousa 
Alunos responsáveis pelo caso:
Karolline Batista Leal
Rayssa Batista de Andrade
Talita Nogueira Forte Melo

O sorriso é definido como uma posição dinâmica dos lábios que varia segundo o grau de sua contração muscular e seu perfil. Sua harmonia pode ser influenciada por aspectos relacionados à coincidência da linha mediana com a linha interincisiva, às características do posicionamento da extremidade incisal, à relação do paralelismo do plano incisal com a linha do sorriso associado às características do tecido gengival do paciente (BERTOLINI et al., 2011).
Condições referentes ao elemento dental que interferem na estética do sorriso são relacionadas à sua cor, textura, formato e tamanho da coroa clínica. Dentre os aspectos periodontais que afetam a esteticamente devem ser considerados: a arquitetura gengival associada a defeitos ósseos, invasão do espaço biológico, como também a assimetria gengival relacionada às recessões ou excesso de tecido gengival recobrindo a coroa dental (BERTOLINI et al., 2011)
Mondelli (2003) descreveu que a linha cervical ou gengival é formada a partir da união dos zênites dos caninos, incisivos laterais e incisivos centrais superiores. Sendo o ponto mais apical do contorno gengival, o zênite, nos dentes superiores, está normalmente localizado distalmente ao longo eixo dentário. Segundo o Diagrama de Referências Estéticas Dentárias (DRED), como os zênites dos caninos superiores estão, na maioria das vezes, mais altos do que os incisivos laterais, e mais ou menos na mesma altura dos incisivos centrais, a linha cervical fica com um aspecto convexo em relação ao plano oclusal (Figura 01). Essa seria a forma ideal da linha cervical (CÂMARA, 2010).


Figura 01 - Diagrama de Referências Estéticas Dentárias (DRED).

Relato do caso clínico
J.C., um paciente do gênero masculino, sem alterações sistêmicas, 21 anos, sem ocorrência de inflamação gengival, detectado por meio de sondagem periodontal, compareceu ao Projeto de Extensão em Periodontia Clinica e Cirúrgica da UFCG. Na análise do sorriso observou-se que as alturas dos dentes anteriores estavam assimétricas, levando assim à formação de uma Linha Gengival assimétrica (Figura 01). A Linha Gengival não se encontrava paralela à Linha do Sorriso. Essas condições clínicas contribuem para a desarmonia do seu sorriso.

Figura 02 - Linha gengival fora dos padrões definidos pelo Diagrama de Referências Estéticas Dentárias (DRED).

Após os exames iniciais, indicou-se a remoção cirúrgica, gengivectomia em bisel externo dos elementos 11, 13, 14 e 24 e, logo após, gengivoplasta do elemento 14 ao 24, com o objetivo de corrigir o contorno gengival de tais elementos.
Cuidados pré-operatórios: antissepsia extra-oral com digluconato de clorexidina a 2% da marca FGM e bochecho com solução de digluconato de clorexidina 0,12% da marca Rioquímica, para antissepsia intra-oral. Após o preparo do campo operatório, foi feita anestesia local infiltrativa por vestibular, na altura dos ápices dos elementos 12 e 22 e uma nova anestesia nas papilas do elemento 14 ao 24.
Em seguida, foram feitas a sondagem periodontal, onde os elementos apresentaram profundidade de sondagem de 1mm, e a marcação do ponto sangrante na face vestibular dos elementos e foi feita a união dos pontos (Figura 03). Para remoção do tecido gengival (Figura 04), realizou-se a incisão em bisel externo com uso de lâmina de bisturi número 15c e bisturi de Kirkland, associado ao uso de cureta Gracey 5/6.


Figura 03 - Marcação vestibular da região onde será feita a incisão.


Figura 04 - Remoção do tecido gengival.

Após a remoção do tecido (Figura 05) foi feita a gengivoplastia dos elementos (do 14 ao 24) com auxilio de lâmina de bisturi número 15c e bisturi de Kirkland, onde buscou um contorno gengival fisiológico (Figura 06).

Figura 05 - Após a remoção do tecido gengival.
 

Figura 06 - Após gengivoplastia.

Para o controle da dor pós-operatória, aplicou-se laserterapia de baixa intensidade. A luz laser infravermelha, comprimento de onda 808 nm, potência: 100mV, tempo: 30s/ponto, dose: 105 J/cm², S.D: D7. Foi aplicada em 03 pontos na vestibular de cada elemento (Figura 07).

Figura 07 - Laserterapia com laser de baixa intensidade.


Após a laserterapia, a ferida cirúrgica foi protegida com cimento cirúrgico sem eugenol, da marca Technew (Figura 08). O paciente foi orientado quanto a higiene bucal no pós-operatório e a fazer bochechos de digluconato de clorexidina a 0,12% durante 14 dias. Foi prescrito Paracetamol 750mg, com a condição de só tomar em caso dor.

Figura 08 - Proteção com cimento cirúrgico.


Após 15 dias, observa-se um tecido em processo excelente de cicatrização (Figura 09), sem relato de dor pós-operatória, consequentemente, não houve necessidade de tomar o medicamento prescrito e paciente se mostrando muito satisfeito com o resultado.

Figura 09 - Pós-operatório de 15 dias com marcação da linha gengival.

Apesar de ter sido removido apenas 1mm de tecido gengival de alguns elementos, transformou o aspecto da Linha Gengival, antes assimétrica, agora com um aspecto convexo em relação ao plano oclusal. Sendo a forma ideal da linha cervical, segundo o Diagrama de Referências Estéticas Dentárias (DRED).
 Concluindo que o diagnóstico de alterações periodontais e dentais que interferem na estética é essencial para a determinação de um plano de tratamento adequado para a obtenção da harmonia do sorriso.


REFERÊNCIAS
BERTOLINI, Patrícia Fernanda Roesler et al. Creating an aesthetic smile with periodontal plastic surgery and prosthetic rehabilitation. Rev. Ciênc. Méd., Campinas, v. 5, n. 6, p.137-143, set/dez. 2011.
CÂMARA, Carlos Alexandre. Estética em Ortodontia: seis linhas horizontais do sorriso. Dental Press J. Orthod., Rj, v. 15, n. 1, p.118-131, jan. 2010.
MONDELLI, José. Estética e Cosmética em Clínica Integrada Restauradora. Quintessence Editora Ltda, 2003.

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