Recuperação do espaço biológico com posterior gengivectomia e gengivoplastia
Orientador:
Prof. Dr. João Nilton Lopes de Sousa
Alunos responsáveis pelo caso:
Rayssa Batista de Andrade
Talita Nogueira Forte Melo
Karolline Batista Leal
A distância ou espaço biológico representa a
distância compreendida entre a margem gengival e a crista óssea alveolar com
uma dimensão média de 3 mm. O espaço biológico ao ser violado tende a se
reconstituir através de reabsorção óssea e migração apical do epitélio
juncional, resultando em graus variados de recessão. A reconstituição do espaço
biológico “perdido” consiste em procedimentos de aumento de coroa clínica. Sendo
assim, ao realizarmos um procedimento de “aumento de coroa clínica”, a crista
óssea deverá estar, no mínimo, a 3mm da junção amelocementára ou do futuro
preparo (OTOONI, 2006).
O caso clínico que se segue é de um
paciente G.M.C., sexo masculino, 41 anos, que compareceu ao Projeto de Extensão
Periodontia Clínica e Cirúrgica da UFCG com a necessidade de recuperação do espaço biológico do elemento 13
para sua posterior restauração (figura 01 e 02). Na anamnese, observou-se que o paciente
não apresentava alterações na cavidade oral e com boa condição periodontal. Foi
realizada a radiografia periapical e interproximal do elemento em questão
(figura 03). Os exames hematológicos solicitados estavam dentro dos padrões de
normalidade.
Figura 01: Aspecto frontal inicial.
Figura 02: Aspecto inicial do elemento
13.
Figura 03: Radiografia interproximal e
periapical.
O procedimento foi iniciado com antissepsia intra e extraoral com digluconato de clorexidina a 0,12% e anestesia infiltrativa com Mepivacaína a 2%.
Em seguida, realizada a marcação das profundidades das bolsas mesiovestibular
(2mm), vestibular (1mm), distovestibular (2mm), distopalatina (2mm), palatina
(2mm) e mesiopalatina (2mm) do elemento 13 (figuras 04 e 05) com sonda
periodontal milimetrada, incisão em bisel interno e intrasulcular com lâmina 15c
(figura 06), sendo removido um "colarinho" de gengiva (figura 07). A
remoção tecidual nas áreas das papilas foi feita utilizando o bisturi de Orban.
Foi removido um pequeno “colarinho” no elemento 14 para um melhor resultado
estético.
Figura 04: Demarcação dos limites de
incisão pela vestibular.
Figura 05: Demarcação dos limites de
incisão pela palatina.
Figura 06: Incisão intrasulcular.
Figura 07: Remoção da gengiva após
incisão.
Curetou-se
o tecido de granulação (figura 08) e descolou um pequeno retalho total, expondo
a crista óssea. Em seguida, realizada osteotomia com broca diamantada de alta
rotação esférica (figuras 09 e 10).
Figura 08: Curetagem.
Figura 09: Osteotomia.
Figura 10: A crista óssea deve estar,
no mínimo, a 3mm da junção amelocementária.
Após
osteotomia e abundante irrigação com soro fisiológico, foi realizada sutura
simples com fio nylon 5.0 da marca Polysuture e restauração da cavidade com cimento ionômero de vidro (figura 11). Com o objetivo de minimizar o desconforto
pós-operatório, aplicou-se laser de baixa intensidade, seis
pontos por dente, tendo como protocolo: comprimento de onda = 808nm; potência=
100mw; tempo = 32s; dose= 105 j/cm².
Figura 11: Sutura e restauração com cimento ionômero de vidro.
No
pós-operatório foram prescritos dois bochechos diários com digluconato de
Clorexidina a 0,12% durante 14 dias e analgésico (Paracetamol 750mg de 6/6
horas por 3 dias somente em caso de dor). Sutura removida após 7 dias.
Fotografia após 28 dias: Recuperado
o espaço biológico, paciente com restauração feita em Resina Composta (Figura
12).
Figura
12: Resultado Final.
Após 47 dias da primeira cirurgia, foi feita gengivectomia nos elementos 11, 22 e 23, gengivoplastia nos elementos 12, 11,
21, 22 e 23 para dar ao paciente um sorriso mais estético.
Iniciou-se o
procedimento com antissepsia intraoral, extraoral e anestesia terminal
infiltrativa, como mencionado anteriormente. Segue-se pela sondagem e demarcação
dos pontos de incisão com uma
sonda periodontal milimetrada, em que o incisivo central direito apresentou
sondagem de 2 mm, o inciviso lateral esquerdo 3mm e o canino esquerdo apenas
1mm.
Figura
13: Demarcação dos pontos para posterior incisão.
A incisão primária foi realizada com
o bisturi de Kirkland e, em seguida, com a lâmina de bisturi 15c, removendo assim
o excesso de tecido gengival. Entre o canino e incisivo lateral direito viu-se a necessidade
de reduzir a espessura da papila gengival.
Figura
14: Incisão com Bisturi de Kirkland e com Lâmina 15c.
Figura
15: Tecido gengival sendo removido.
Após a raspagem e
curetagem, seguiu-se para a gengivoplastia com bisturi de Kirkland. E, com o
mesmo objetivo citado anteriormente, foi utilizado laser de baixa potência de
mesmo protocolo, e utilização de cimento cirúrgico para conforto pós-operatório. Mesma prescrição pós-operatória.
Figura 16: Gengivoplastia de canino a canino.
Figura 17: Laserterapia de baixa intensidade.
Com
8 dias após a cirurgia, observa-se excelente cicatrização e paciente não relata
desconforto ou dor no pós-operatório, não havendo necessidade de tomar o
medicamento prescrito. Resultado agradou muito o paciente.
Figura 18: Resultado final.
Conclui-se, assim, que quando devidamente indicado, os procedimentos para restabelecimento da
distância biológica possibilitam a realização de procedimentos restauradores
adequados, com margens bem adaptadas, facilitando o controle da placa
bacteriana por parte do paciente, mantendo a integridade dos tecidos
periodontais. A gengivectomia e gengivoplastia são técnicas cirúrgicas bem aceitas pelos pacientes e excelentes opções para solução de problemas estéticos. Além disso, obteve-se um resultado positivo em relação à eficácia da
laserterapia pós-operatória como alternativa terapêutica ao uso de medicação
analgésica.
Referência
Bibliográfica
1. OTOONI, J.; MAGALHÃES, L.F; Cirurgia Plástica Periodontal e Periimplantar – Beleza com proporção e harmonia, 2ª Ed., Ed. Artes Médicas, Rio de Janeiro, 2006.
1. OTOONI, J.; MAGALHÃES, L.F; Cirurgia Plástica Periodontal e Periimplantar – Beleza com proporção e harmonia, 2ª Ed., Ed. Artes Médicas, Rio de Janeiro, 2006.
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